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Transplante de medula óssea alogênico
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)
6 min. de leitura

Transplante consiste na infusão de células-tronco hematopoiéticas de um doador para substituir as células de um receptor após a realização de quimioterapia associada ou não com radioterapia

O transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico, mais conhecido como transplante de medula óssea alogênico, consiste na infusão no paciente de células-tronco hematopoiéticas retiradas de um doador saudável. Tal infusão ocorre após o paciente ser tratado com quimioterapia, associada ou não à radioterapia.

As células-tronco hematopoiéticas estão localizadas na medula óssea, um tecido esponjoso que se localiza dentro de diversos ossos. Essas células dão origem a todas as células do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas (responsáveis pela coagulação).

O transplante de medula óssea alogênico é indicado principalmente para o tratamento de doenças hematológicas que afetam a medula óssea ou o sistema linfático, tais como:

  • Leucemias mieloide aguda;
  • Leucemia linfoblástica aguda;
  • Leucemia mieloide crônica;
  • Linfoma Hodgkin;
  • Linfomas não Hodgkin;
  • Anemia aplásica severa;
  • Anemia falciforme.

Preparação do paciente e do doador de medula óssea alogênico

Após a indicação do transplante de medula óssea alogênico, o primeiro passo é encontrar um doador compatível. A primeira escolha geralmente recai sobre um irmão totalmente compatível, sendo que cada irmão possui cerca de 25% de chance de ser totalmente compatível com o paciente. Caso não exista um irmão totalmente compatível disponível, existem duas outras opções principais:

  • Doador não aparentado: trata-se de um doador cadastrado em um banco de doadores de medula nacional ou internacional, que seja compatível com o paciente.
  • Doador haploidêntico: é um doador que possui 50% de compatibilidade com o paciente. Em princípio, todos os genitores (pai e mãe), irmãos e filhos do paciente são potenciais doadores haploidênticos.

Uma vez escolhido o doador, este passará por uma série de exames para avaliar seu estado de saúde, garantindo a segurança do procedimento de doação tanto para ele quanto para o receptor.

Da mesma forma, o receptor também é submetido a uma bateria de exames antes de realizar o transplante de medula óssea alogênico. Esses exames servem para avaliar a situação da doença, bem como a condição do paciente a ser submetido ao procedimento. Tais exames incluem: sorologias (HIV, hepatites e outros), exames imuno-hematológicos (tipo sanguíneo, presença de anticorpos), exames laboratoriais, ecocardiograma, pletismografia, exames de imagem, dentre outros.

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Procedimento de transplante de medula óssea alogênico

A coleta de células-tronco para realização do transplante de medula óssea alogênico pode ser realizada de duas formas:

  • Coleta periférica: nessa modalidade, o doador recebe injeções subcutâneas de um medicamento que faz com que o número de células-tronco aumente e estas passem a circular no sangue. Após isso, o doador é acoplado através de um cateter central ou de punções nos braços a uma máquina de aférese. O sangue que sai do doador circula através dessa máquina, a qual separa as células-tronco em uma bolsa específica, sendo que o restante do sangue retorna para o doador. Esse procedimento costuma durar cerca de 4h.
  • Punção de medula óssea: as células-tronco são extraídas diretamente da medula óssea. Esse procedimento acontece no centro cirúrgico, habitualmente sob anestesia geral, e costuma durar cerca de 2h. Durante esse período, os médicos realizam diversas punções nos ossos da bacia para coletar a medula óssea do doador.

Já para o paciente, o transplante começa com uma etapa chamada condicionamento. Nessa fase, o paciente recebe tratamento com quimioterapia, que eventualmente pode ser associada à radioterapia. Esse tratamento consiste na administração de medicamentos que destruirão as células doentes.

Após o tratamento em altas doses, que pode durar até 10 dias, ocorre a infusão da nova medula no paciente. Após a preparação das células coletadas do doador, elas são transferidas em um procedimento que se assemelha a uma transfusão de sangue.

Uma vez na circulação, as células-tronco hematopoiéticas migram até se instalarem devidamente no espaço da medula óssea, possibilitando, assim, que retomem a produção das células do sangue após um período de cerca de duas semanas.

Complicações e cuidados pós-transplante de medula óssea alogênico

Parte das complicações do transplante de medula óssea são comuns à maioria dos procedimentos de quimioterapia e ao transplante de medula óssea autólogo. Dentre elas, podemos destacar:

  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia;
  • Infecções (bacterianas, virais ou fúngicas);
  • Sangramento;
  • Disfunção renal, hepática e cardíaca;
  • Queda de cabelo.

Além dessas, duas complicações específicas do transplante de medula óssea alogênico podem ocorrer:

  • Rejeição das células-tronco transplantadas: é uma complicação rara, mas extremamente grave. Nesse caso, o organismo não é capaz de produzir as células do sangue, e um novo transplante precisa ser feito em caráter de urgência.
  • Doença do enxerto contra hospedeiro: ocorre quando as células do sistema de defesa do doador atacam o corpo do receptor. Podem ocorrer nos primeiros três meses após o transplante (doença do enxerto aguda), quando costuma afetar mais a pele, o intestino e o fígado, ou em fases mais tardias, quando pode acometer virtualmente qualquer órgão.

Para reduzir o risco de rejeição e de doença do enxerto contra hospedeiro, o paciente recebe durante alguns meses remédios que reduzem a imunidade, de modo a permitir que as células do doador se “acostumem” com as células do receptor e vice-versa.

O risco de complicações do transplante de medula óssea depende de inúmeros fatores, dentre eles: tipo de transplante, grau de compatibilidade do doador, fonte das células-tronco, intensidade do condicionamento, diagnóstico, idade do paciente e comorbidades.

Felizmente existem cuidados que podem reduzir o risco ou a gravidade de algumas das complicações do transplante de medula óssea alogênico, tais como:

  • Seguir estritamente as recomendações médicas;
  • Utilizar as medicações prescritas adequadamente;
  • Evitar contato com muitas pessoas, principalmente doentes;
  • Reforçar a higiene pessoal e os cuidados com a pele;
  • Redobrar os cuidados com a alimentação, procurando consumir alimentos saudáveis e de boa procedência;
  • Comunicar aos especialistas qualquer sintoma que possa indicar complicações, tais como febre, sangramentos, dor e falta de ar.

Resultados e perspectivas futuras do transplante de medula óssea alogênico

O transplante de medula óssea alogênico é um tratamento muito importante para o tratamento de diversas doenças hematológicas malignas e benignas. É importante destacar que as chances de cura, bem como o risco de complicações graves, variam muito dependendo do diagnóstico, condição clínica do paciente, bem como de diversos outros fatores.

Por conta disso, a indicação do transplante deve ser realizada por uma equipe experiente e debatida com o médico que acompanha o paciente e, principalmente, com o próprio paciente, sempre levando em consideração a disponibilidade de terapias alternativas.

Os profissionais da SPES são especialistas em transplante de medula óssea alogênico. Para saber mais sobre esse e outros procedimentos, entre em contato!

Fontes:

Manual MSD

Instituto Nacional do Câncer

Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia