A aférese terapêutica dos eritrócitos é uma das formas de tratamento para casos de anemia falciforme. Conheça mais sobre o processo de separação dos glóbulos vermelhos do sangue.
A eritrocitaférese é uma das aféreses terapêuticas utilizadas como tratamento para algumas doenças no sangue. Os eritrócitos, também chamados de glóbulos vermelhos ou hemácias, são as células que constituem a maior parte da porção sólida do sangue e têm como seu principal componente a hemoglobina. Essa proteína de cor vermelha é responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos e órgãos através da corrente sanguínea.
Como pudemos ver, os eritrócitos são um dos componentes mais importantes do sangue e o procedimento de eritrocitaférese pode ser definido como a separação e retirada dos glóbulos vermelhos do sangue por um processo de centrifugação. O objetivo dessa aférese é o tratamento de doenças causadas pela alteração qualitativa ou quantitativa dos eritrócitos.
Quando o procedimento é indicado?
A eritrocitaférese é indicada para remover os eritrócitos alterados, principalmente em casos de anemia falciforme. Essa é uma doença genética e hereditária que se caracteriza por uma deformação dos glóbulos vermelhos, que perdem sua forma tradicional de disco, se enrijecem e adquirem o formato de uma foice, por isso a denominação falciforme.
Essa deformação dificulta a passagem de sangue por vasos menores e prejudica a oxigenação dos tecidos. Pacientes com anemia falciforme costumam apresentar fortes dores, fadiga, palidez e ficar mais suscetíveis às infecções. Em casos mais graves, a oclusão dos vasos pode levar a complicações mais sérias, entre elas a síndrome torácica aguda e o acidente vascular cerebral.
A eritrocitaférese pode ser utilizada como uma das formas de tratamento para essa alteração hematológica. Isso porque os glóbulos vermelhos falciformes contêm a hemoglobina S, muito menos solúvel, o que provoca a deformação das células. A eritrocitaférese promove a troca de hemácias ao remover o sangue com hemoglobinas S do paciente e substituí-lo por hemácias de um doador sem a presença desse tipo de hemoglobina.
O procedimento pode ser indicado também como tratamento para algumas infecções por protozoários que invadem os glóbulos vermelhos, como malária, babesiose e em poliglobulias (quando o número de glóbulos vermelhos encontra-se extremamente elevado).
Preparação para a eritrocitaférese
A realização de exames é o primeiro passo para verificar se o paciente está apto para a eritrocitaférese.
Dentre eles, podemos citar:
- Hemograma completo;
- Dosagem de potássio, cálcio e magnésio.
Após essa avaliação, a equipe de hematologia e hemoterapia determina o número de sessões, a frequência, o volume a ser processado e o fluido de reposição para a eritrocitaférese.
Outra observação importante é que não há limite de idade para realizar o procedimento, desde que o paciente esteja em boas condições de saúde e tenha um peso mínimo de 30kg para suportar o volume de sangue no circuito extracorpóreo durante as sessões de eritrocitaférese.
Como funciona a eritrocitaférese?
O sangue do paciente sai por um acesso venoso no braço ou por um cateter central, direcionado para uma máquina (máquina de aférese) que faz a centrifugação, para separar os hemocomponentes e permitir a retirada do componente desejado. Após a remoção dos eritrócitos danificados, o paciente recebe de volta o sangue por um acesso no outro braço ou do mesmo cateter central, com a reposição de hemácias concentradas e solução fisiológica.
Todo o processo leva cerca de duas horas e as sessões podem ser realizadas em um intervalo de 24 a 48 horas, a depender do volume de eritrócito retirado, o tipo de tratamento realizado e as condições individuais do paciente.
Riscos e contraindicações da eritrocitaférese
Todo o procedimento é seguro, pois ele só é realizado depois de uma análise criteriosa da equipe médica, e o paciente é monitorado a todo o momento durante a eritrocitaférese. Além disso, o sangue não entra em contato com a máquina de aférese em nenhum momento, pois ele circula em um conjunto estéril onde é realizada a separação dos hemocomponentes.
No entanto, como todo procedimento invasivo, a eritrocitaférese pode apresentar complicações.
Os principais riscos da eritrocitaférese são:
- Complicações relacionadas ao cateter central: dor local, sangramento, trombose e infecção;
- Durante o procedimento: queda da pressão, tontura e formigamento.
As contraindicações são para pacientes que apresentam quadros de:
- Pressão arterial instável, principalmente casos de hipotensão;
- Isquemia cardíaca recente;
- Arritmias cardíacas não controladas;
- Infecções graves não controladas.
Fontes: