Proliferação anormal de células germinativas, que dão origem aos gametas
As células germinativas são as que, em seu desenvolvimento, se tornam os gametas — os espermatozoides e os óvulos. Seu desenvolvimento se dá ainda na formação fetal, quando elas surgem e migram para o que virão a ser as gônadas, que são os testículos ou os ovários. Em algumas pessoas, podem ocorrer agrupamentos anormais desse tipo de célula. Essas situações são chamadas de Tumores de Células Germinativas (TCGs).
Os Tumores de Células Germinativas (TCGs) podem ser benignos ou malignos e podem ocorrer em qualquer idade, mas sua incidência é significativamente maior em crianças pequenas e adolescentes no auge da puberdade, a partir dos 15 anos.
Os Tumores de Células Germinativas (TCGs) podem ocorrer em diversas partes do corpo, porque existem casos em que parte das células germinativas migram erroneamente para fora das gônadas. Quando os tumores se desenvolvem fora do sistema reprodutor, são chamados de extragonadais, podendo se localizar em áreas da região torácica, abdominal, pescoço e cérebro.
Tipos de tumores de células germinativas
Os tumores de células germinativas podem ser classificados de acordo com a forma de desenvolvimento e sua localização. Tumores localizados em qualquer parte do corpo fora do cérebro são chamados de extracranianos, enquanto os que atingem esse órgão são chamados de intracranianos.
De modo geral, os tumores de células germinativas podem ser classificados em teratomas, germinomas e não germinomas.
Teratomas
Os teratomas, que podem ser benignos ou malignos, são tipos comuns de tumores de células germinativas. Eles podem surgir nos ovários de mulheres na puberdade e em idade reprodutiva, e na região inferior da coluna vertebral (sacro e cóccix) de recém-nascidos. Mais raramente, podem surgir também nos testículos.
A característica mais comum dos teratomas é a capacidade das células germinativas de se diferenciarem, formando algo semelhante a diversos tipos de tecidos, como pele, cabelo, dentes, entre outros. Os dois principais tipos de teratomas são:
- Teratomas maduros: também chamados de cistos dermoides, são tumores benignos, ou seja, não cancerosos. Em alguns casos, as células da massa tumoral podem ser semelhantes às células germinativas normais.
- Teratomas malignos: também chamados de teratomas imaturos, costumam se localizar nas mesmas áreas do corpo que os teratomas maduros, ainda que sejam mais frequentes nos ovários de meninas até os 18 anos.
Germinomas
Os germinomas são um tipo maligno de tumores de células germinativas. Podem surgir em pessoas de ambos os sexos, mas têm maior prevalência em crianças e adolescentes do sexo masculino. Podem ocorrer de forma intracraniana, principalmente na região da glândula pineal, mas também nas gônadas, quando são chamados de seminomas (nos testículos) e disgerminomas (nos ovários).
A maioria dos germinomas não se desenvolvem rapidamente, fazendo com o que o tratamento, por remoção cirúrgica, quimioterapia ou radioterapia, tenha sucesso em cerca de 90% dos casos.
Não germinomas
Os não germinomas são tumores de células germinativas malignos, que se desenvolvem, geralmente, de forma mais rápida que os germinomas. Os principais tipos de não germinomas são:
- Tumor de saco vitelino: ocorre nas gônadas ou na região do mediastino, entre os pulmões, sendo mais comum em meninos com menos de 3 anos;
- Carcinoma embrionário: ocorrem principalmente nos testículos e nos ovários e costumam ser associados a outros tipos de TCGs;
- Coriocarcinoma: câncer de rápido crescimento que surge de células germinativas mais comumente no sistema reprodutor feminino, podendo estar associado a outros tipos de TCGs;
- Tumor de células germinativas mistas: ocorre quando há a formação de mais de um tipo de tumor de células germinativas ao mesmo tempo (geralmente um tipo maligno associado a um teratoma).
Causas e fatores de risco de TCGs
Não existe uma causa muito bem definida para o desenvolvimento de Tumores de Células Germinativas (TCGs). No entanto, a relação entre esses tumores e algumas características vem sendo estudada. Uma delas é a criptorquidia, condição em que os testículos não estão descidos. São relatados de 20 a 40 vezes mais casos de TCGs em meninos com essa condição.
Além disso, existem estudos que relacionam histórico familiar e fatores hormonais com o aparecimento dos tumores. A presença de síndromes como a de Klinefelter e de Turner também pode ser um fator de risco para os tumores de células germinativas.
Sintomas e diagnóstico de tumores de células germinativas
Os sintomas dos tumores de células germinativas variam muito de acordo com a localização, o tipo e a gravidade do desenvolvimento da doença. No entanto, existem alguns sinais que são comuns aos tipos de TCGs, e, por isso, são importantes para o seu diagnóstico:
- Aumento do volume abdominal, lombar ou na região das gônadas, com massa palpável;
- Puberdade precoce;
- Dores abdominais.
O diagnóstico é realizado pelo médico após avaliação dos sintomas, da história clínica e da história familiar do paciente. A partir disso, são feitos exames para avaliar marcadores que indicam a presença de tumor, uma vez que os tumores de células germinativas costumam causar alterações hormonais e liberar outros tipos de substâncias.
Testes de imagem, como ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética são úteis para detectar visualmente a presença dos TCGs. Para confirmar o diagnóstico, pode ser realizada uma biópsia, que consiste na retirada de uma amostra do tecido tumoral para análise.
Tratamento de TCGs
O tratamento dos tumores de células germinativas depende do tipo, da localização e do grau de desenvolvimento. De modo geral, o principal método de tratamento é a cirurgia. O procedimento, na maioria das vezes, realiza a ressecção (remoção) total do tumor. Dependendo do caso, como em tumores benignos e malignos de fases iniciais, apenas a cirurgia é suficiente.
Já a quimioterapia pode ser realizada de três formas: isoladamente, antes da cirurgia, como forma de preparação, ou depois da cirurgia, para complementar o tratamento e matar as células restantes. Geralmente, os TCGs respondem bem ao tratamento quimioterápico.
Para alguns casos em que a doença não responde ou retorna após uma resposta inicial, pode ser indicado o transplante autólogo de medula óssea, que consiste em um regime de quimioterapia em alta dose seguido pela infusão de células-tronco previamente coletadas do próprio paciente.
Prognóstico e prevenção de tumores de células germinativas
Não existem métodos para prevenção dos Tumores de Células Germinativas (TCGs), exceto a detecção de tratamento da criptorquidia na infância. Apesar disso, o diagnóstico precoce pode ter um grande impacto nas chances de resposta, de modo que, caso o paciente apresente qualquer sintoma sugestivo dessa doença, um médico deve ser procurado.
A determinação do prognóstico dos tumores de células germinativas é feito de acordo com o tipo de tumor diagnosticado, características individuais do paciente, como idade e presença de outras doenças, e o estágio de desenvolvimento do tumor (I e II, os de menor gravidade, e III e IV sendo os mais graves).
De modo geral, a chance de sobrevida em pacientes com TCGs em estágios I e II é de cerca de 90%, enquanto nos estágios mais graves é de 80%. Os casos de metástase são raros, e, quando ocorrem, as células costumam se espalhar para áreas como ossos, pulmões, fígado e sistema linfático.
Após o fim do tratamento, é fundamental que o paciente continue fazendo exames periódicos para avaliar os marcadores tumorais e detectar precocemente uma eventual recidiva da doença. Quando o tumor atinge as gônadas, é importante fazer acompanhamento também para avaliar a fertilidade, que pode ser afetada pela doença e seu tratamento.
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Fontes: