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Linfoma não Hodgkin
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)
6 min. de leitura

Denominação que abrange dezenas de tipos de tumores malignos do sistema linfático

O linfoma não Hodgkin é um conjunto de cânceres que se origina no sistema linfático e se caracteriza pela proliferação descontrolada de linfócitos. Eles acometem principalmente os linfonodos (gânglios linfáticos) na região do pescoço e sob os braços e virilha, mas, como os linfócitos estão presentes em quase todos os órgãos do corpo, o linfoma não Hodgkin pode acometer diversos outros órgãos, tais como fígado, baço, pele, estômago e sistema nervoso central.

Esse grupo abrange dezenas de tipos distintos de linfoma, que podem ser classificados inicialmente de acordo com o tipo de célula afetada: linfócitos B, linfócitos T ou linfócitos NK (células natural killer). Esses tipos de linfoma podem, ainda, ser divididos conforme seu comportamento e evolução em indolentes ou agressivos.

Epidemiologia e fatores de risco do linfoma não Hodgkin

O linfoma não Hodgkin responde por 90% de todos os casos de linfomas no Brasil, com uma incidência de 5,1 a cada 100 mil habitantes. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença tem maior prevalência no sexo masculino.

Além do sexo, outros fatores de risco a considerar são:

  • Idade: a maior parte dos casos ocorre em pessoas com mais de 60 anos;
  • Raça: pessoas brancas têm mais chances de desenvolver esse tipo de câncer do que as negras ou asiáticas;
  • Geografia: Estados Unidos e Europa têm mais casos de linfoma de Hodgkin;
  • Histórico familiar: pessoas com um parente em primeiro grau que apresenta a condição têm mais risco de desenvolver a doença;
  • Infecção pelos vírus HIV, Epstein-Barr e HTLV1, e pela bactéria Helicobacter pylori;
  • Exposição a produtos químicos e radiação.

Sintomas e diagnóstico do linfoma não Hodgkin

O crescimento rápido e indolor dos linfonodos na região do pescoço, virilha e axila é o sintoma mais comum, mas ele pode ser acompanhado também de:

  • Febre;
  • Suores noturnos;
  • Cansaço;
  • Perda de peso sem nenhum motivo;
  • Coceira.

Os sintomas ainda podem variar de acordo com a localização do tumor. Se o linfoma atingir o pulmão, por exemplo, é comum haver falta de ar, tosse e dor no peito.

O diagnóstico de linfoma não Hodgkin é feito com uma biópsia do tecido afetado, que geralmente é um linfonodo, mas que também pode ser o fígado, o pulmão, o cérebro, a medula óssea, entre outros.

Após o diagnóstico, é importante avaliar a extensão da doença. Para esse fim, são utilizados principalmente exames de imagem, tais como a tomografia computadorizada e o PET-CT.

Também é importante realizar uma avaliação global do estado de saúde do paciente para que se possa determinar sua capacidade de tolerar os diferentes tratamentos.

Tipos de linfoma não Hodgkin

As dezenas de subtipos de linfomas não Hodgkin podem ser, ainda, divididos em dois grandes grupos com relação ao seu comportamento clínico: os indolentes e os agressivos. Os linfomas indolentes têm crescimento lento e podem demorar anos para trazerem maiores complicações ao estado de saúde do paciente. O linfoma folicular é o caso mais comum dentro desse grupo.

Já os linfomas agressivos têm crescimento rápido, e o tumor pode dobrar de tamanho em questão de semanas, o que exige um tratamento imediato. O linfoma difuso de grandes células B é o maior representante desse grupo.

Em alguns casos, os linfomas indolentes podem se transformar em linfomas agressivos no decorrer do acompanhamento.

Os linfomas não Hodgkin também podem ser agrupados de acordo com o tipo de célula afetada (linfócitos B, T ou NK), sendo que a maioria desses linfomas acomete as células B.

Tratamento do linfoma não Hodgkin

O tratamento vai depender muito do subtipo de linfoma e de outros fatores, como o estágio da doença e idade e condição clínica do paciente.

Em alguns casos de linfoma indolente, o paciente pode ser mantido apenas em acompanhamento clínico, caso a doença não esteja causando nenhum sintoma significativo.

Para os casos que necessitam de tratamento, a quimioterapia, a radioterapia e a imunoterapia são as principais opções terapêuticas.

O esquema de tratamento, o número de ciclos e a utilização ou não de radioterapia e imunoterapia variam enormemente entre os diversos tipos de linfoma não Hodgkin e levam em conta também características e preferências do paciente.

O transplante de células-tronco hematopoiéticas (transplante de medula óssea) é utilizado em alguns casos como reforço do tratamento de primeira linha, mas na maioria dos casos ele é reservado para pacientes que apresentam doença refratária (que não responde ao tratamento inicial) ou recaída (que retorna após uma boa resposta inicial).

O transplante mais utilizado para os casos de linfoma não Hodgkin é o transplante autólogo, que utiliza células do próprio paciente. Entretanto, o transplante alogênico, que utiliza células de um doador saudável, também pode ser indicado para parte dos pacientes.

A decisão quanto ao tipo de transplante a ser realizado deve ser tomada por um médico especialista em transplante em conjunto com o médico assistente e o próprio paciente.

Outra novidade em relação ao tratamento de linfoma não Hodgkin já aprovada pela Anvisa é a terapia celular com CAR-T Cell. Nesta modalidade, os linfócitos do paciente são coletados por meio de um procedimento chamado aférese e enviados para um laboratório especializado. Nesse laboratório, os linfócitos são modificados geneticamente e passam a expressar um grande número de receptores capazes de reconhecer as células do linfoma.

Ainda no laboratório, os linfócitos são expandidos, ou seja, multiplicados. Esses linfócitos modificados e expandidos são então infundidos no paciente após a realização de uma quimioterapia e passam a combater ativamente o linfoma, podendo levar à cura em uma parte dos pacientes. Atualmente, essa modalidade está aprovada para o tratamento do linfoma difuso de grandes células B (refratários ou recidivados), mas existem estudos em andamento para outros tipos de linfoma não Hodgkin.

Cuidados pós-tratamento

É importante que o paciente mantenha o acompanhamento médico mesmo após o término do tratamento, por dois motivos principais: detecção de possíveis recidivas e monitoramento de efeitos colaterais do tratamento.

A chance de recidiva varia muito de acordo com o tipo e estágio do linfoma não Hodgkin, sendo que alguns são considerados incuráveis.

Já os efeitos colaterais variam amplamente de acordo com o tratamento utilizado. Dependendo do esquema terapêutico utilizado, é preciso monitorar a função cardíaca, pulmonar e tireoidiana em longo prazo, bem como estar atento ao surgimento de novas neoplasia.

A SPES é uma equipe especializada em transplante de medula óssea e outras terapias celulares. Para saber mais sobre esses assuntos, agende uma consulta com a SPES!

Fontes:

Drauzio Varella

Instituto Nacional de Câncer (INCA)

Manual MSD

Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia

Hospital A.C. Camargo