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Esclerose múltipla
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)
5 min. de leitura

Doença autoimune crônica que atinge principalmente mulheres jovens e causa sintomas como alterações motoras, sensoriais, emocionais, dentre outros

A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica caracterizada pela degeneração da bainha de mielina (desmielinização), um revestimento dos eixos das células nervosas importantes para ordenar a comunicação entre elas. Por esse motivo, quando há a degeneração, o funcionamento do sistema nervoso fica comprometido, levando a diversos sintomas por todo o corpo.

As principais áreas do sistema nervoso afetadas pela esclerose múltipla são o tronco cerebral e a medula espinhal, que são importantes estruturas do sistema nervoso central, e os nervos ópticos, fundamentais para a visão. Isso faz com que os sintomas da doença, que podem ocorrer de forma transitória, em surtos ou de forma definitiva, a caracterizem como potencialmente incapacitante.

A esclerose múltipla atinge pessoas de qualquer sexo e idade. No entanto, a maioria dos casos ocorre em pessoas adultas com idades entre 20 e 50 anos do sexo feminino. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 40 mil pessoas convivam com a doença no Brasil.

Sintomas da esclerose múltipla

Ainda que os sintomas da esclerose múltipla sejam muito variados entre um paciente e outro, uma série deles são comumente relatados pelos pacientes com a doença, tais como:

  • Alterações motoras, como tremores, espasmos musculares, rigidez, perda de força muscular e dificuldade para andar;
  • Alterações sensoriais, como dormências, formigamentos e sensibilidade ao calor;
  • Distúrbios visuais, como visão turva, diplopia e perda de visão;
  • Problemas de fala, como lentificação, dificuldade de formar palavras e concluir ideias;
  • Alterações de humor, irritabilidade, depressão e ansiedade;
  • Problemas cognitivos, como alterações de memória, dificuldade de manter atenção e executar tarefas;
  • Fadiga e sensação de fraqueza constantes;
  • Dificuldade de manter o equilíbrio e a coordenação motora, com presença de tontura;
  • Necessidade constante de urinar e incontinência urinária.

É importante ter em mente que nem todos os pacientes com esclerose múltipla sentirão todos os sintomas relatados acima. Como dito, isso dependerá da localização e da gravidade das lesões.

De modo geral, os sintomas iniciais são os mais relacionados a alterações motoras e sensoriais, com outros surgindo à medida que a doença se agrava. Além disso, os sintomas podem se manifestar de forma transitória, ou seja, surtos com períodos de melhora, ou de forma permanente, se agravando com o passar do tempo.

Diagnóstico da esclerose múltipla

Por ser uma doença com muita variação sintomática, a esclerose múltipla não é de fácil diagnóstico em muitos casos. Muitas vezes, até mesmo os pacientes demoram a procurar ajuda médica especializada em doenças neurológicas pelo fato de os sinais iniciais mais frequentes serem comuns a outras doenças.

A presença de sintomas motores e sensoriais em pacientes a partir dos 20 anos, sem outra causa aparente, é a principal razão que leva os médicos a suspeitarem da esclerose múltipla. Nesse contexto, o especialista deverá analisar a história clínica do paciente e solicitar exames para confirmar o diagnóstico.

A ressonância magnética é um dos principais exames realizados na investigação e diagnóstico da esclerose múltipla. O exame pode ser feito com o auxílio de uma substância injetada no sangue, o gadolínio, que auxilia na identificação das regiões do sistema nervoso afetadas pela desmielinização e o grau das lesões.

Outro exame que pode ser realizado na confirmação do diagnóstico é a coleta de líquor, um líquido claro que ocupa espaços entre as membranas do cérebro e da medula espinhal. Na análise, é possível encontrar indicadores de inflamação crônica no sistema nervoso central, como a que ocorre devido à esclerose múltipla.

Causas e fatores de risco da esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença autoimune, isto é, causada por uma alteração no sistema imunológico que o leva a utilizar as células de defesa contra o próprio corpo. Nesse caso, levando à degeneração das bainhas de mielina.

As causas dessa alteração ainda não são totalmente conhecidas, mas sabe-se da relação da doença com alguns fatores de risco, tais como:

  • Predisposição genética;
  • Algumas infecções virais (como a causada pelo vírus Epstein Barr);
  • Deficiência de vitamina D;
  • Tabagismo;
  • Obesidade;
  • Idade entre 20 e 50 anos.

O sexo também pode ser considerado fator de risco da esclerose múltipla, uma vez que, como dito anteriormente, as mulheres são mais propensas a terem a doença, com pelo menos duas vezes mais chances em relação aos homens. No entanto, a esclerose tende a se agravar mais rápido nos homens.

Tratamento da esclerose múltipla

Ainda não se conhece uma cura para a esclerose múltipla. Por isso, o tratamento é realizado com o intuito de abreviar os sintomas durante as crises e seu agravamento progressivo e evitar que elas ocorram em um curto período.

Para reduzir a gravidade dos surtos, os medicamentos mais utilizados são os corticosteroides, que atuam na supressão dos efeitos do sistema imunológico sobre o sistema nervoso, amenizando, assim, os sintomas.

No entanto, esses medicamentos devem ser tomados de forma restrita aos períodos de crises agudas, já que seu uso prolongado pode causar uma série de efeitos, como aumento de peso, propensão a diabetes, osteoporose e infecções. Além disso, dependendo dos sintomas apresentados, podem ser utilizadas medicações específicas para controlá-los.

Em alguns casos, são recomendadas sessões de plasmaferese quando não há resposta adequada ao tratamento com os corticosteroides. O tratamento consiste na substituição do plasma sanguíneo por plasma saudável ou albumina, eliminando anticorpos que estejam agindo contra o sistema nervoso central.

Nos períodos entre os surtos, é importante que o tratamento foque em prolongá-los o máximo possível. Para isso, são utilizados medicamentos para controle da ação do sistema imunológico sobre as bainhas de mielina, ou seja, imunossupressores e imunomoduladores. As medicações podem ser aplicadas de forma oral ou injetável, e são determinadas individualmente, conforme a avaliação do paciente.

Outra estratégia de tratamento, utilizada principalmente em casos de esclerose múltipla grave, é o transplante de células-tronco autólogas, que pode prolongar bastante o período entre as crises.

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Fontes:

Manual MSD

Associação Brasileira de Esclerose Múltipla

Associação Brasileira de Neurologia