Conheça os fatores que interferem na compatibilidade da medula óssea

Compatibilidade no transplante de medula óssea é um assunto complexo e que apresenta muitas variáveis

O transplante de medula óssea é um procedimento essencial para o tratamento de doenças hematológicas graves, como leucemia, linfoma e anemia aplásica severa. A compatibilidade entre o doador e o receptor desempenha um papel crucial na taxa de sucesso desses transplantes.

Quando ocorre compatibilidade da medula óssea entre o doador e o receptor, as chances de enxerto bem-sucedido e de menor incidência de complicações aumentam significativamente.

O que é a compatibilidade da medula óssea?

A compatibilidade da medula óssea refere-se à correspondência genética entre o doador de medula óssea e o receptor do transplante. A medula óssea contém células-tronco hematopoiéticas responsáveis pela produção de células sanguíneas.

Durante o processo de transplante de medula óssea, as células-tronco são transferidas do doador para o receptor, substituindo as células doentes ou danificadas. Para que o procedimento seja bem-sucedido, é necessário que o sistema imunológico do receptor não reconheça as células do doador como estranhas e as ataque, o que pode levar à rejeição.

A compatibilidade da medula óssea é determinada por meio de testes de histocompatibilidade, que avaliam a semelhança dos marcadores genéticos do doador e do receptor. Via de regra, quanto maior a compatibilidade entre os dois, menores são as chances de rejeição e maior é a probabilidade de sucesso do transplante.

Como é determinada a compatibilidade da medula óssea?

A determinação da compatibilidade da medula óssea é realizada por meio de testes de histocompatibilidade. Esses exames avaliam a semelhança entre os marcadores genéticos do doador e do receptor, conhecidos como antígenos leucocitários humanos (HLA – Human Leukocyte Antigens). Os HLA são proteínas encontradas na superfície das células do corpo e desempenham um papel fundamental no reconhecimento do próprio tecido pelo sistema imunológico.

Processos de compatibilidade da medula óssea

No processo de transplante de medula óssea, existem três tipos principais de células envolvidas:

• Células-tronco hematopoéticas: são responsáveis pela produção de células sanguíneas na medula óssea, sendo coletadas do doador e transferidas para o receptor durante o transplante;
• Células do doador: além das células-tronco, o doador também fornece células imunológicas, como os linfócitos T, que podem ter um papel importante na resposta imunológica pós-transplante, incluindo o combate a infecções e a prevenção da rejeição;
• Células do receptor: o receptor recebe o transplante de medula óssea e possui células imunológicas próprias, incluindo os linfócitos T.

Tipos de compatibilidade de medula óssea

Quanto à compatibilidade de medula óssea, podemos dividir os doadores em três grupos.

Os doadores aparentados totalmente compatíveis são irmãos que compartilham todas as principais moléculas HLA com o paciente. Cada irmão possui 25% de chance de ser totalmente compatível com outro irmão específico.

Existem também os doadores aparentados haploidênticos, que são aqueles que compartilham metade do HLA com o paciente. Os doadores haploidênticos costumam ser encontrados entre os irmãos, pais ou filhos do paciente, mas eventualmente podem ser primos ou tios. Embora ainda um pouco inferiores aos transplantes realizados com doadores totalmente compatíveis, os transplantes haploidênticos também apresentam bons resultados.

Por fim, existem os transplantes não aparentados, que utilizam doadores cadastrados em bancos de doadores nacionais ou internacionais. Estes doadores podem ser totalmente compatíveis (10/10) ou apresentar uma ou no máximo duas incompatibilidades HLA (9/10 ou 08/10). Além disso, os transplantes não aparentados costumam apresentar resultados semelhantes aos transplantes aparentados totalmente compatíveis.

Fontes de medula óssea compatíveis para transplante

Existem duas fontes principais das células-tronco utilizadas no transplante alogênico.

Na maioria dos casos, as células são coletadas do sangue do doador. Nessa modalidade, o doador recebe injeções subcutâneas de um medicamento que faz com que o número de células-tronco aumente e estas passem a circular no sangue. Após isso, o doador é acoplado através de um cateter central ou de punções nos braços a uma máquina de aférese. O sangue que sai do doador circula através dessa máquina, a qual separa as células-tronco em uma bolsa específica, sendo que o restante do sangue retorna para o doador. Esse procedimento costuma durar cerca de quatro horas.

A segunda modalidade é a coleta por punção de medula óssea. Nesse caso, as células-tronco são extraídas diretamente da medula óssea. Esse procedimento acontece no centro cirúrgico, habitualmente sob anestesia geral, e costuma durar cerca de 2h. Durante esse período, os médicos realizam diversas punções nos ossos da bacia para coletar a medula óssea do doador.

Como encontrar um doador compatível?

Para encontrar um doador que permita uma boa compatibilidade de medula óssea, é necessário realizar testes de histocompatibilidade, que analisam os marcadores genéticos HLA do doador e do receptor. O primeiro passo é buscar por doadores familiares, como irmãos, que têm uma maior probabilidade de serem compatíveis.

Caso não haja um doador ideal na família, é possível buscar por um doador não relacionado em registros de doadores voluntários de medula óssea, como o REDOME no Brasil. Esses registros mantêm informações genéticas de indivíduos dispostos a doar medula óssea; e, por meio de exames de compatibilidade, é muitas vezes possível encontrar um doador compatível para o transplante.

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Fonte:

Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea